sábado, novembro 15, 2008

idade do amor lascado



uma mala na porta e o mundo tal o que éramos

antes das velas nacaradas de junho, antes do real maravilhoso,
antes mesmo das religiões e dos blues cósmicos!

era de pedra que alimentávamos nossos ócios
sem saber nos existir
sem contar dias de bombons de uma fada doméstica

naquele tempo em que não se forjava poesias em improviso
quando mãos e olhos eram ainda de menina
e o cigarro era um prazer solitário
enquanto as manhãs virgens e claras
se dividiam entre os paralelepípedos prateados e uma árvore desconhecida.

ainda os renascentistas pintavam uma baía de sempre,
uma ladeira santa era paisagem para os planos de sol,
os amores eram rebentos balbuciando na varanda
e as madrugadas pertenciam somente às bruxas

depois,
nenhuma correspondência do além-mar inspirou cócegas
e nem chá com camofas se tomou

porque não se falava em voz baixa
e nem se tinha medo do medo

mas...
como nos tornamos metais, a mala na porta
significa que não nos amaremos mais!

quinta-feira, novembro 13, 2008

minerva de pecado (ou solo de um eco)

minerva, vieste a passeio na busca de um intelecto, cheirava a tédio todo o percurso.

catavas as saudades e outras poesias entre as horas que te penetravam... mas havia o termo exato para que te confundisse contigo mesma.

foste achar a memória da lógica, contas de subtração na adolescência.
risos deste de nervoso, minerva, cheia de espinhos na consciência.

orientes psicossomáticos vinham a te chamar uma atenção.

pediste silêncio aos teus passos; caíram na sombra da ciência todos os frutos de tanto te elucubrar.

escutou-se o pulsar da imaginação (segredo) em preto e branco, eram contrastes em outra língua.

por um instante, minerva, sentiste encontrar a saída, mas o teu labirinto já se multiplicava...

comum destino este de vagar por estranhas entrelinhas nas quais não se é permitido perscrutar.