quarta-feira, setembro 30, 2009

talvez do alto da montanha eu me conte estrela, simples e autônoma, e quando tudo virar pó, recepcionarei a grande nebulosa rebenta; eu, orgulhosa da quimera mais natural, começarei tudo outra vez em 22 de dezembro de 1978...

sábado, setembro 26, 2009

uma rosa hereditária

pensar alto a geração segregada entre loucos e sóbrios é a tentativa de temporizar o que a modernidade delegou aos seus... espaço para digerir as relatividades... mas é tudo sinônimo de idade média entre os dentes, quando a fala é pura subjetividade das bactérias que há em nós. faz tanto tempo, mesmo assim... porque a nostalgia é para os fracos, ambição daqueles que sequer vivenciaram o possível, toda uma preguiça da humanidade em ser ela mesma... alguns de seus dias são feriados; outros, puro ócio de consciência. não há nada de errado em nossos alter egos, eles até bem disfarçam que o mundo fora feito no meio das coxas de uma deusa, que entre uma lua e outra se reveza em mãe e puta, e também que, enquanto não está tricotando paixões, molesta aqueles cadáveres que ainda não caíram em descanso. fetiches de deusa... mas os dias também estão em conta de outro agiota: você que passa a década a ser motivo para alguém se creditar... há quantas anda o seu real? ou se basta pelo virtual? você é o gato no muro, observador do placar do cio entre os ratos, longe de se encantar pelo mundo, hiroshima não chegou à sua casa, pois já a tinha vendido para o outro agiota... quando muito, decidimos ser deus entre louco e sóbrio, a querer competir vaidades com aquela deusa que dispensa as muitas cerimônias e grita mais alto porque são dela as fogueiras e os crucifixos onde ardem os mortais. tudo porque você vende seus diplomas para quem acha ou não humano. para alguns a estrada acaba num muro alto, para outros sempre lhes há uma porta para se utilizar daquela chave bem guardada. um dia darwin me perguntou “o que será de nós em, pelo menos, 10 anos?” e eu respondi, “um novo cogumelo...”

segunda-feira, setembro 14, 2009

vontade de noite em frança

naquele antigo dia de outubro eu deveria ter feito a escolha... infelizmente, hoje é só um erro de continuidade..., tu me fizeste sair à rua a qualquer procura, porque de ti mais nada espero, definitivamente, de todos, eu prefiro o meu hermetismo..., vi o vento arrastar as latinhas pelo chão, um lugar tão distante, a praça estava já embriagada, dormindo no seu próprio banco, e eu ali na esquina dos que sobem ou descem, à essa altura para qualquer lado de rua, olhando uma calçada longa, porém nua, já imaginando uma mentira tua, a casa de alguém que te abriu a porta, a tua sina que eu sei decor, mas em verdade eu fui ali comprar um maço de cigarro para escutar l'hymne a l'amour, que não mais rima com dor...

terça-feira, setembro 01, 2009

abstinência

é tanta madrugada
fantasmagoria cúmplice
pelo crime da ira
os olhos abertos, os sonhos em falta
esperando florir em setembro
o não que cabe a todos
mas o vício não se despede
por que o hábito ainda me veste?

rezo por haver outra possibilidade
os milagres são qualquer coisa da fé
que cega não corta nem o pedaço de pão
o ar que não passa, não faz diferença

as horas me balbuciam, sou algum instrumento de corda
tic tac em silêncio, um eterno agora,
uma agonia manifesta...

é uma espera blasè...

talvez já tenha passado mil anos
e eu reparado que o inferno só é lembrado
quando é tarde demais para se dizer noite
ou muito cedo para ser um bom dia...