quinta-feira, setembro 29, 2005

entreato

levanto os panos
e descubro-me em um papel para esta noite
sem face e figurino
num cenário instrumental
um monólogo sem platéia

instrumental

nada a dizer são também palavras ao frio
tentando aquecer o espírito que tanto pede
abrigo ou pronunciação
não é a espera da réplica
é algum gesto que se assemelhe ao silêncio
desejado não ter-se manifestado

terça-feira, setembro 20, 2005

lamento da confeiteira

é ruim enquanto se acredita na doçura
porque nela também há o amargo
o amargo da sede
do calor
da vontade de tornar-se mais doce
como o vício que perdura
embora inunde agrados
sabe-se que um dia ela finda
e neste dia há de se deixar de acreditar.