domingo, outubro 16, 2011

Práticas do meio dia

Quando deixado, o paraíso ruiu. Calor perverso, mas lua espectral. E você nem reparou nos fios de cabelo que ficaram no caminho branco, livre e inescrito, à mercê da semântica do vento selvagem. Você olha para mim e diz que não somos nós os únicos. Uma ironia em primeiro plano e o inferno em segundo. Na mala, um grilo e uma serpente dialogam em pensamento uma paisagem novamente inútil. O oásis de outrem. Somos nós o vento, o suspiro como aquele que nasce dos céus e jaz em mormaço mundano, e agora nos vejo comuns, desprovidos do hálito edênico. Perigoso é se distrair... Há pouco, fui atropelada pela lua sofrendo por abstinência do apocalipse... Porque parte disso ou é ambíguo ou é fantasia nossa! Práticas do meio dia, do encontro kamikaze das abelhas na minha xícara de café preto, às nascentes das meias ideias. Sensação em ré, em fé, em eclipse.
Diariamente, sobre nós as horas dificilmente resplandecidas... Certa euforia em batucar os dedos na mesa, em beber mais água que o dilúvio ainda não veio. Nossos outubros são também cinema, e o corte em continuidade, cenário comum da terra descomprometida. Pecado é mais amar o semelhante. Desprazer em te conhecer. Quem eu gostaria que fosse, se fosse. Impreciso agora é o espelho para o roteiro reflexivo, quem deverá ser o mais autêntico de mim? Se este é um diálogo com deus, que seja um monólogo entre mortais. Sem platéia. Narciso tem Preguiça da cidade. Vazia porque conhece a ausência. O nosso deserto. Deixei que os últimos dias se passassem sem nós. Questão, às vezes, de fazer, sem ser por inteiro. Quando terminada a gênesis, a pena sentiu as chamas já picarem o coração humano, uma maçã abocanhada. Que por se apegar às coisas tão íntimas... Menos singelas do que uma felicidade latente, daquela que não se percebe. E depois, sob a sensibilidade de uma gota d’água, prenuncia a tempestade dos metais. Estéreis e graves. Entre uma imanência e outra.  E metade de mim é desapropriada. O espaço pode ser medido pelo tempo. Só depende quanto tempo tem. O nada é o de sempre, serve como lírica.
Percebo que o feitiço se quebra quando o estilhaço de vidro sai naturalmente da minha pele. Os defeitos só me poetizam. 

domingo, outubro 09, 2011

profana ceia

quando a campainha tocar, uma mulher ascenderá e outra vela apagará. como suportar? o sol ainda torrando os neurônios da auto-sabotagem das deusas.  mas as papilas explodem no beijo, que dançando sob a lua novamente beberam demais, vomitaram a conexão friamente fraterna.  e isso é um fenômeno afastado, também queremos ficar sozinhos com este cálice sobre... e lá se vai o sentido... e grilos cantavam até o meio dia fracassos do ser e do sexo. digo mais, depois de come-los vivos, tocarei meu jazz em sua pele, ... as formas se confundem entre sombra e luz. - rodou, rodou e acabou dormindo, e chegando ao fim voltou-se ao começo.

daya gibeli
odilon moura
marcelo cucco
monique feder