quarta-feira, junho 10, 2015

Sorriso aberto de lua em seu leito

Preciso de um solvente.
Alguma coisa que dissolva o meio antes
do início e daí pra frente.
Algo que valha a alma.
O trem que não se pega,
adentra o peito.
Entre uma esquina e
de manhã cedo.
O mundo era maior e
mais perto.
Sorriso aberto
de lua em seu leito.
Flamboyants se espalmam
por onde passo e penso.
Não me tenho quieto.
Me adenso.

(Daya Gibeli / Augusto Feres)
22/10/2013 

segunda-feira, abril 27, 2015

como é que é ter super poderes?

cabeça dinamite cabeça dinamite cabeça
cabeça dinamite cabeça dinamite cabeça
cabeça dinamite cabeça dinamite cabeça
cabeça dinamite cabeça dinamite cabeça
cabeça dinamite cabeça dinamite cabeça
cabeça dinamite cabeça dinamite cabeça
cabeça dinamite cabeça dinamite cabeça
cabeça dinamite cabeça dinamite cabeça
cabeça dinamite cabeça dinamite cabeça

quarta-feira, abril 08, 2015

Ginoliterata

Ginoliterata from Daya Gibeli on Vimeo.

Vídeo-instalação cenográfico.

Ginoliterata. Aos desavisados fingia-se de mendiga. Andava por ruas e ruas falando e rindo. Falava e ria sozinha para iludir indiferença alheia. Nos grandes mercados dos capitalistas é difícil carregar um bem precioso sem ser notada. Era algo reluzente, poderia ser vendido, mas nunca comprado. O paradoxo. A mulher quase cigana de traços marítimos - deusa do submundo. O revoar das horas e os mercadores começavam a recolher suas tralhas. Somente ela, aos poucos, dava peso e matéria, cobrindo o chão com seus frutos. Cantava. Olhares eram descobertos em diferentes pontos. Fixos, fugidios, encabulados. O suculento mistério da mulher. Ela amorosamente descalça, retalhada, com leveza ofertava-lhes suas mercadorias que poderiam ser vendidas, mas nunca compradas. O paradoxo. Mantinha-se ali, debruçada sobre si mesma. Esquecida em clareira aberta para o mundo. Em Ritual flutuando feito um ectoplasma. Batendo tênue o corpo de papel. O frenesi da surpresa e seu sabor. O assombro de todos ao ver surgir o bem mais precioso... Ainda curvada, esconde  um dos braços nas pétalas da grande saia, os dedos em pinça, no fundo, além da brilhante beleza de escuras rodeada de mucosa palpitante, retira embebida, a palavra.  

Texto: Madame Tormenta Furtacor/Thatiana Verthein