sexta-feira, janeiro 27, 2006

atômico platônico

se eu fosse tua, seria eu inteiramente tua, mas tu não me tens porque não me tens, não desta forma...

não se procura uma desesperança...

ouvindo vozes
duvidosas pontes
desconjuntadas
sou um grande inverso
imerso
camuflada
miniatura
da face assimétrica
em composição
improvável
de jeito consentido
contido desentendimento
austral
hexagonal
natural
nada em acompanhamento
vão

domingo viscoso

divergindo–me ao
descentral
sobre-continental

desconcentro
desconserto
descontento
em termos infernais
atemporais
subespaciais

interferindo-me em
tentador
abrasador
toque de fuligem
morta
porta
fechada

22.12.2002

houve os seres, os quereres e os poderes de um sonho interminável. os amantes alcançaram o ensejo de se encontrarem, iam e vinham sem pensar em sair. poetas os descreviam em sua página de céu. eles eram a dança de corpos e libidos da mesma cor. quem sabia o seu nome? tinham lá escrito qualquer destino, mas a cena se transformou. já não eram mais as bocas que lhes afagavam, e o chão transbordava em mãos d’água que os lançavam pelo rio. os peixes fluíam por entre eles pincelando ardor. nus se tocavam ao acaso da correnteza. de alguma música se lembraram depois, pois descobriam o nome daquilo. e foi um anel de palavra que os circundou e os calou. os poetas continuaram a fiar estrelas, aqueles dois corpos entre outros reluzentes por excelência, eles que se esqueceram de um mundo alheio e deixaram os seus involuntários movimentos de seda se perpetuarem naquele instante desvanecido.