domingo, dezembro 10, 2006

dissimula-se o que dizem os olhos

era definitiva a forma como me olhavam aqueles olhos castanhos em brasas, querendo invadir em mim os mais aferroados pensamentos dos quais nunca nutri os meus. novidade era estes olhos cercando o hábito que nunca atendi. buscavam nos meus a descompostura espontânea de um susto infantil, algo que se deflorasse com a súbita pretensão do que já ardia de malicia e pressa. e depois conceber dos meus o que os próprios viam dos outros olhos. como provar da sensação minha o que a sensação alheia me provocava. bastava-lhes isto para o controle do todo, confiando ao ato o implícito desejo de conjugarem-me sua. no entanto, como que meus olhos estivessem perdidos naqueles, ali enxergaram o mesmo. e agora é inevitável que eu os tenha igualmente.