quarta-feira, janeiro 05, 2011

black is black

a chuva apertou naquele fim de noite e mundo, e ele contendo a ansiedade, tirou do bolso um cigarro avulso, acendeu mesmo assim, que molhasse, que não a encontrasse, depois que perdeu a cabeça e a hora, palavras são qualquer coisa que se faz desapercebida depois de certo tempo, mas ela não esquece, nem quer esquecer, há cada momento a voz rouca lhe pronuncia na mente, implorando de joelhos para que ela o ame ou vá embora, e nenhuma das duas coisas, ela não o amava e nem ia embora, ela queria calma, outra tatuagem no corpo, quando fizesse 33 anos. a noite é outra dessas coisas que se desfazem com o tempo, um pedaço de madrugada, as fotografias eram fiéis, black is black, e qualquer tentativa de amarrar essa mulher em sua vida era revelando o que mais do seu corpo na sua câmara escura avermelhada. agora. antes que o negativo amanhecesse. quero paz nos olhos de quem me espreita veludo. e os olhos já cravados no corpo dela era dimensão.

*foto de jacquelinne goddard por man ray, 1930