segunda-feira, dezembro 21, 2009

estou falando do amor que se esparrama pelo chão, inunda e carcome os móveis da casa do corpo... doente, e que espera, paciente, todo este amor esgotar.

sábado, dezembro 05, 2009

mas não há tempo que me traduza
com tanta efemeridade no mundo
fui logo me apaixonar por uma eternidade

sexta-feira, dezembro 04, 2009

o silêncio quando não ousa só aumenta a tensão...

sábado, novembro 28, 2009

quebrado o coração, ele disse que voltaria para conserta-lo, quando buzinaram à frente, ele saiu, mas eu sabia que ele voltaria a quebra-lo.

sexta-feira, novembro 06, 2009

este é o retrato falado de uma mulher que não fala por ela

quinta-feira, outubro 08, 2009

de curiosidade morreu um gato..
de frente ao espelho..

quarta-feira, setembro 30, 2009

talvez do alto da montanha eu me conte estrela, simples e autônoma, e quando tudo virar pó, recepcionarei a grande nebulosa rebenta; eu, orgulhosa da quimera mais natural, começarei tudo outra vez em 22 de dezembro de 1978...

sábado, setembro 26, 2009

uma rosa hereditária

pensar alto a geração segregada entre loucos e sóbrios é a tentativa de temporizar o que a modernidade delegou aos seus... espaço para digerir as relatividades... mas é tudo sinônimo de idade média entre os dentes, quando a fala é pura subjetividade das bactérias que há em nós. faz tanto tempo, mesmo assim... porque a nostalgia é para os fracos, ambição daqueles que sequer vivenciaram o possível, toda uma preguiça da humanidade em ser ela mesma... alguns de seus dias são feriados; outros, puro ócio de consciência. não há nada de errado em nossos alter egos, eles até bem disfarçam que o mundo fora feito no meio das coxas de uma deusa, que entre uma lua e outra se reveza em mãe e puta, e também que, enquanto não está tricotando paixões, molesta aqueles cadáveres que ainda não caíram em descanso. fetiches de deusa... mas os dias também estão em conta de outro agiota: você que passa a década a ser motivo para alguém se creditar... há quantas anda o seu real? ou se basta pelo virtual? você é o gato no muro, observador do placar do cio entre os ratos, longe de se encantar pelo mundo, hiroshima não chegou à sua casa, pois já a tinha vendido para o outro agiota... quando muito, decidimos ser deus entre louco e sóbrio, a querer competir vaidades com aquela deusa que dispensa as muitas cerimônias e grita mais alto porque são dela as fogueiras e os crucifixos onde ardem os mortais. tudo porque você vende seus diplomas para quem acha ou não humano. para alguns a estrada acaba num muro alto, para outros sempre lhes há uma porta para se utilizar daquela chave bem guardada. um dia darwin me perguntou “o que será de nós em, pelo menos, 10 anos?” e eu respondi, “um novo cogumelo...”

segunda-feira, setembro 14, 2009

vontade de noite em frança

naquele antigo dia de outubro eu deveria ter feito a escolha... infelizmente, hoje é só um erro de continuidade..., tu me fizeste sair à rua a qualquer procura, porque de ti mais nada espero, definitivamente, de todos, eu prefiro o meu hermetismo..., vi o vento arrastar as latinhas pelo chão, um lugar tão distante, a praça estava já embriagada, dormindo no seu próprio banco, e eu ali na esquina dos que sobem ou descem, à essa altura para qualquer lado de rua, olhando uma calçada longa, porém nua, já imaginando uma mentira tua, a casa de alguém que te abriu a porta, a tua sina que eu sei decor, mas em verdade eu fui ali comprar um maço de cigarro para escutar l'hymne a l'amour, que não mais rima com dor...

terça-feira, setembro 01, 2009

abstinência

é tanta madrugada
fantasmagoria cúmplice
pelo crime da ira
os olhos abertos, os sonhos em falta
esperando florir em setembro
o não que cabe a todos
mas o vício não se despede
por que o hábito ainda me veste?

rezo por haver outra possibilidade
os milagres são qualquer coisa da fé
que cega não corta nem o pedaço de pão
o ar que não passa, não faz diferença

as horas me balbuciam, sou algum instrumento de corda
tic tac em silêncio, um eterno agora,
uma agonia manifesta...

é uma espera blasè...

talvez já tenha passado mil anos
e eu reparado que o inferno só é lembrado
quando é tarde demais para se dizer noite
ou muito cedo para ser um bom dia...

terça-feira, agosto 18, 2009

por isso eu permaneço o quanto mais distante do lúdico, esta noite quero ser real...

segunda-feira, agosto 17, 2009

i want you so bad

um pecado experimentado, mas insípido. e depois a minha pele, invisível na fotografia, mas úmida na febre alheia. estávamos em jejum.

não de nós.

quarta-feira, julho 29, 2009

os sonhos não mais substituem o que não tem nome,
mas o que tem fome...

quinta-feira, julho 23, 2009

A língua e a bainha

Não restarás louca como um rei
Num labirinto de sonhos e temporais
Não sofrerás pena
Nem terás tormento e fúria dos mitos da escuridão

De teus roucos mais secretos
O teu fogo na dureza da manhã
Mudará em cinza

Terás lençóis claros
E os cristais todos no meio
Com a marca do teu brasão

Sete espelhos das canárias
Dos quintais do fora louça de Aragão
E aventais negros

Não temerás sonhar como um rei
Num labirinto de gritos e temporais

Nando Carneiro, Geraldo Carneiro, José R. Resende (A Barca do Sol)

sexta-feira, julho 10, 2009

desprazer ao fazer de conta que não dói,
o estômago revirado, uma escarrada na alma...

sexta-feira, junho 12, 2009

um diálogo entre musos II

i had a dream...
leva consigo o que não cabe no divino
a lida da menina agigantada
o homem cala
o menino grita

ilustração:flor ; texto:pessôa

domingo, maio 31, 2009

PLANO - SEQUÊNCIA/INT./PLATEIA DO TEATRO
Black. FADE. À medida em que a imagem vai se fazendo, vemos o carpete vermelho sob os pés de sapatos e saltos cristalinos. A câmera é bem baixa e avança por trás desses pés, que vão subindo a escada central entre as platéias do teatro. Num certo ponto, pés descalços e masculinos passam pelos primeiros e a câmera acompanha estes outros que descem as escadas, agora de frente, em recuo e subindo levemente para a descoberta do personagem: as panturrilhas nuas e bem torneadas; as pontas do fraque aos joelhos; os pêlos púbicos desamparados; as luvas, os botões e a bengala; o peito e a borboleta da gravata; a barba por fazer; mas os olhos e a cartola de um lorde...
A campainha do teatro soa.
Câmera subjetiva/meu ponto de vista: o homem sorri e se dirige a uma poltrona da platéia esquerda, eu o sigo e sento ao seu lado. As cortinas estão ainda fechadas no palco, as luzes se apagam, paulatinamente, de trás das platéias para a frente. FADE. Black.

sábado, maio 30, 2009

a pressa que a calma se instaure em nós...

sexta-feira, maio 22, 2009

- tudo bem?
- tudo... tudo inspirado no meu manicômio ancestral particular...

segunda-feira, maio 11, 2009

é de secura o beijo se não entendemos as nossas línguas...

segunda-feira, abril 13, 2009

sigo imitando meus gestos, próprios

sexta-feira, março 13, 2009

vida canhestra
on the left
turn esquina poenta

segunda-feira, março 09, 2009

toda segunda-feira amanhece clara por alguma razão que me faz amar ou acender um cigarro.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

esta noite não chove... II

o espelho trincado olhava para ela,
indagando e repetindo seus traços entrecortados pela rachadura.
procurava qualquer reação nela a partir daquela compenetrada,
fixa num pedaço em branco de papel.
nem sequer ela se movia,
era puro enternecimento perante o nada.


pensava em que aquele reflexo?


e aquele outro?


eles esperavam alguma lágrima lhe sair dos olhos,
mas tão crus que se encontravam só puderam esperar.

por que esta espera tem um gosto tão doce?

terça-feira, fevereiro 24, 2009

persefonificando


a sorte me espanta os nomes,
nomes que se dão às coisas cabíveis ao sentido humano,
às coisas que deveriam participar dos dias,
ainda que bem no íntimo.
mas em toda e qualquer medida, eu não me encaixo,
mesmo contando ser privilegiada pelos sangues azuis e retóricas finas,
sublime como o nascimento da deusa ou o delírio do diabo.
diferente,
como no silêncio, a vontade se
parafraseia e eu me calo
doente de amor.
remedio o veneno
com a introspecção.
nem a mim destranco a porta.

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

baile dos simulacros


no sonho, a tua boca desenhava a minha em tons de desatenção. tu, que eram tantos, cego nos traços, fazias da minha saliva um canto para o rei do que é inefável, aquilo que me tirava o chapéu à dança. e as mãos, que eram ainda as tuas, faziam enlaçar outros dedos aos meus numa valsa dúbia entre as faces que me desconheciam e os poros que me alcançavam... e eram os teus sempre, curiosos de abstração. deixava-me aos olhos lançados feito modelo que pousa com um assombro leviano, um simulacro semivisível das coisas secretas de amor, ainda que fôssemos palpáveis para a conveniência do universo. e eu apreendesse tudo o que nos permitisse, tudo o que um beijo inquietasse.

o sonho soava uma promessa...

mas, eu, entidade desperta, como quem padece da memória, desfiz-me à aurora, logo surpreendida pelas tuas inexistências.


quinta-feira, janeiro 01, 2009

lua em vênus

evoco a tua face até me constar divergida da realidade, como se me tocasse um sentimento alheio por me interceptar: não pise por onde não há caminho! e os sapatos novamente se vão. descalça percorro eu toda a senda por um fio de equilíbrio, alada em vigílias que me carregam para longe de um corpo, desatento, que grita o teu nome... caso fosses tu o movimento que me faltasse àquele corpo... ao relento, ao entorpecido fato de existir às vezes, quando se espera ao menos um sorriso, uma simpatia do acaso.