sábado, fevereiro 23, 2008

paradigma da tempestade

é com gosto de tédio na boca que no tingir da tarde em cinza eu escolho as palavras para não ser engolida por mim. percorro a atenção no disco que gira, gira na vitrola e em nada me faz supor a interrupção dessas horas de vigília pela minha inquietação, a mais subordinada intenção de estar respirando o vazio das cores, eu busco o fim do fio da espera. arrepiam-me os sonhos que ali deitada na noite sem querer os tracei, os vivenciei. tão distantes mas conseqüentes dessas passivas paredes que me acolhem do breu do mundo. do tédio das águas, das telhas bombardeadas acima de minha cabeça, ardente feito a brasa do cigarro desesperado por mim. é de sono que me comporto na vida desta tarde, prometida às tarefas existenciais, antes esboçadas pelas páginas do jornal íntimo de amanhã. mas temo mais o trovão da branca agonia, e o grito de deus, dedilhando em meus nervos; uma musica que sobrepuja o seu pranto é o conforto que por ora o meu vazio suplica.

tempo em descaracter

quero dizer, às vezes, posso no escuro
às vezes, encontro-me com os olhos abertos
o que quero ver é
que todo o espaço teu
não permite o mau tempo...