sábado, julho 02, 2005

pedágio para as alturas

as criaturas de olhos vigilantes concordam em viagem, sucumbem à mesma travessia, mas por um momento erram seus degraus e deslizam em qualquer perda que soluce a pele do outro. e também são olhos entreabertos socorrendo o paradeiro do mundo a sós, numa escada corrente que promete chegar aos céus. sem um dia acabar. cansa aos mesmos olhos a demora da sina, da comprovação dela, a escolha do último instante, o derradeiro que anuncia por fim o presente infinito - delicado estado de chamar a pureza.
e não mais se encontram. procuram a volta e bastam de absurdos anseios. as criaturas somente inundam o que pretendem quando depressa se alcançam em permanência.

descuidado

não reconheço a tua intenção neste breve espaço desmesurado,
onde as palavras desconhecem um tempo
quando o inconfessável ignora o silêncio
em torno do gesto que te pede não.

de óculos escuros ou outro biombo fantástico

eu preferia o engano de esquecer todo e qualquer impasse que me traísse o sossego. seja ele evocado ou obrigado, cansado de implorar atenção deste corpo em exclusão do próprio movimento. o meu, a mercê das incertas coerências que se julgam num ímpeto de salvação. um erro. mas nada altera o lápis em sua história, nem a distração da cor conforta um imaginário já delineado em luz e som.

é tarde quando me escondo e noite quando recordo...