quarta-feira, fevereiro 10, 2010

chá verde

hoje, ao final da tarde, estive eu desenhando os desconhecidos ao redor, sentado à mesa do bar preferido da rua augusta. e ela era uma ruiva só, sob os óculos escuros e os fones de ouvido submerso numa rua augusta que alguém jamais descreveria. espalhou-se pela mesa, nos objetos e nos hábitos de quem está de passagem ou à espera do que não vai chegar. acendeu um cigarro de filtro amarelo e pediu o telefone do sujeito da mesa vizinha... clarice foi quem atendeu... quer-lhe encontrar, mas ela não sabe se é clarice quem espera. se estivesse mesmo naquela esquina da augusta, ela encontraria qualquer um, mas a ruiva parecia imitar seus próprios gestos, sempre como num deja-vù de tudo o que é e fez. desenhei-lhe porque ela é imperfeita, porque se reveste de uma ânsia silenciosa e tinha sobre a mesa um guarda-chuva verde. ela foi uma cena de cinema que ela mesma provavelmente escreveria, quieta em preto e branco, revelando somente as cores do seu cabelo e do guarda-chuva.

13/03/08

Um comentário:

Mme. Tormenta Furtacor disse...

cabelos apaixonados e guarda-chuva pairando na definição... enfim, estamos na augusta