terça-feira, abril 05, 2011

eredità

no sonho eu me despeço do meu avô. eu, de partida para o mundo de nós, acordados, lugar aonde as idas são permanentes, à nossa revelia. mas no sonho, à varanda da casa dos ladrilhos amarelos e tijolos azuis, também o lugar de sempre, muito semelhante ao outro, ata-se firmemente a verdade num abraço e em palavras de saudade. palavras tão bem articuladas que é difícil distinguir uma fonte da outra, e meu avô em nossa língua tão familiar não sabe do que se despede na calma e no conforto de não dizer o que, mas revelando que não há despedida naquele abraço, que o contempla no que não há fim e que disso percorre os últimos segundos de vigília até eu acordar abraçada aos lençóis da manhã.

Um comentário:

Mme. Tormenta Furtacor disse...

o lençol do abraço que se faz vida!!