quarta-feira, agosto 01, 2012

cinemascope brilhante VI.


o vento que encerra a porta, abre arbitrariamente o livro na página do meio. são descritos ali os termos das abstrações. porém todas elas se concretizam em palavras e nenhuma imagem se faz. depois, a página que se vira se torna à ela mesma, como se a continuação fosse única e estagnada pela sua falta. são logo as abstrações eternizadas, contidas num gerúndio babilônico, tão redundantes que a nada se abstraem.

cansada, ela contempla pela janela um tempo para a monotonia, a séculos de altura, vivenciando sempre a mesma paisagem, a daquele amor sem idade e nem consumo. quase acredita em um seguinte capítulo, talvez o de descer ao futuro onde encontraria o solo para os pés descansar, mas lá do alto ela pensa no céu, onde sua nostalgia parece mais genuína e a remete às imagens que subliminarmente tingem seus pensamentos quanto aos antigos capítulos.

Nenhum comentário: