Vídeo-instalação cenográfico.
Ginoliterata. Aos desavisados fingia-se de mendiga. Andava por ruas e
ruas falando e rindo. Falava e ria sozinha para iludir indiferença
alheia. Nos grandes mercados dos capitalistas é difícil carregar um bem
precioso sem ser notada. Era algo reluzente, poderia ser vendido, mas
nunca comprado. O paradoxo. A mulher quase cigana de traços marítimos -
deusa do submundo. O revoar das horas e os mercadores começavam a
recolher suas tralhas. Somente ela, aos poucos, dava peso e matéria,
cobrindo o chão com seus frutos. Cantava. Olhares eram descobertos em
diferentes pontos. Fixos, fugidios, encabulados. O
suculento mistério da mulher. Ela amorosamente descalça, retalhada, com
leveza ofertava-lhes suas mercadorias que poderiam ser vendidas, mas
nunca compradas. O paradoxo. Mantinha-se ali, debruçada sobre si mesma.
Esquecida em clareira aberta para o mundo. Em Ritual flutuando feito um
ectoplasma. Batendo tênue o corpo de papel. O frenesi da surpresa e seu
sabor. O assombro de todos ao ver surgir o bem mais precioso... Ainda
curvada, esconde um dos braços nas pétalas da grande saia, os dedos em
pinça, no fundo, além da brilhante beleza de escuras rodeada de mucosa
palpitante, retira embebida, a palavra.
Texto: Madame Tormenta Furtacor/Thatiana Verthein
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