sexta-feira, janeiro 14, 2005

biombo fantástico

quero pedir a atenção de meus companheiros, para uma memória clamada em nome da ilustre mulher da face dúbia. a que esconde o choro atrás dos batons cor de terra para que os outros a invejem, com sua felicidade simulada em frases de impacto e filosofias meras que só mesmo ela para acreditar. enganava-se muitas vezes para recompor-se diante do nada. escondia de si a trágica e entorpecida verdade de que era ninguém, um silencio de caráter e mais uma alma sem perspectiva no começo de século sem zeros.
era de praxe que se olhasse no espelho e visse uma dama sóbria de longo cabelo negro penteado, ao contrário de entender porque chegava cedo da manhã, com a maquiagem derretida pelo suor da embriaguez. até uma mosca emaranhava-se nos seus fios de cabelo que arrastavam toda a agonia que pendia de sua cabeça, vítima dela mesma.
lutava para não enxergar o óbvio, mentia para os próximos... sim, está tudo bem, hoje eu vou ser feliz... mas dentro de seu coração ferviam a insegurança e o desespero de sempre. de não ser amada, estar só e morrer de sede e fome em algum canto do mundo.

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