sexta-feira, fevereiro 18, 2005

eu desconfio dos cabelos longos

o que está aqui dentro lateja, entorpece. é fuga de feitiço, que deixa o corpo abandonado de sossego. me contem desprevenida de todo acerto, e reflui ao ponto de me inverter. já bastam os cabelos longos e úmidos escorrendo empatia pelas curvas do dorso, e tocando a multidão dos olhos desmedidos. há um breve sentido de estar atento aos movimentos, enquanto estes adormecem quando a luz aborta a noite, mas desconfio que a cabeça esteja em outro lugar procurando o paradeiro de um sentido diverso. neste momento me lançam as vontades de quem me atem, e me ocorre a distancia das que eu construo. deixo de ser o pretexto abduzido e concentro a demasia de descontentamento e satisfação enquanto volto a sustentar as duas hipóteses de mim. o descompasso do corpo não resiste a mente, sem perceber torna a razão pelos ares, já despida de lembrança e acometida pelo instante. assim consumo o presente insaciavelmente etéreo e coincido com a real substancia que não chega antes do tempo.

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