terça-feira, novembro 21, 2006

sobre a sonoridade do tempo

o meu amor vermelho tem mãos que me tocam com fúria. eu sou a guitarra por ele enamorada, vibrada pelas cordas por ele desafinadas, e nunca adivinho o seu andamento desarmônico. por seu capricho lhe sou o instrumento catártico e passivamente incido com o meu desencontro amoroso. às vezes me emudeço encostada à parede, às vezes me ensurdece suas mãos. o meu amor vermelho é uma decomposição inadiável. dias áridos são estes de uma guitarra desconsertada.