domingo, janeiro 27, 2008

perfume de maio

as tardes de alecrim estampam na fotografia a placidez da tua companhia
que ficou atrás de uma translúcida cortina
descosturada como aquele tempo
esquecido, pendurado num galho de pensamento desbotado
um triste lembrar amarelado
mas preciso de intenção
que deixou qualquer música gasta pela agulha
da paciência ou dos óculos depositados num livro fechado
desconcentrado
que sangrou um amor vermelho e opaco
e nenhum medicamento influiria
nenhuma outra tarde seria tão lírica
mas os dias contam em regresso para que venham outra vez
sem a tua companhia, para que nada falte

as tardes de alecrim nada estampam
nada aludem, nem inspiram

as tardes de alecrim nunca existiram

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