A Casa do corpo pediu socorro. Letra maiúscula porque ela é própria. Propriedade devida. Bastou de jejuar. Dei-lhe alimento. Dois pratos de macarrão com molho de tomate. Já era meia noite. Enquanto eu penso, ele existe. O Corpo. Às vezes ele sente. Vontade de correspondência. Queria mimá-lo como se ele fosse meu gato de estimação. Acariciá-lo a barriga, coçar-lhe o pescoço e dar leite todas as vezes que fizesse manha. Mas sua dependência o impede de ser meu gato de estimação. Nossa relação é quase sexual, ele na sua forma animada de mulher, curvilínea e quase sedutora, e eu, amorfa consciência inteligente, contraditória e quase determinada, vivemos um embate curioso em direção a uma simbiose que nos faça única. Seria um casamento ideal se não fôssemos quase. Eu desconfio do Corpo, e ele se desmantela na minha imprudência. Em verdade, somos dois inconseqüentes. Ele e eu. Mas Eu não admito. E muitas vezes, não o admito. Preguiçoso que é, segue os mesmos passos que eu planejo. Culpo-o de não ter a minha consciência? Seria mais fácil. Descontar nele o que não posso pelos dois. Ele executa o que mando, exceto as vontades próprias, as animalescas, das quais muitas vezes me convence antes mesmo que eu as atine. Por isso desconfio dele. Não é sedução, é cópula.
sexta-feira, fevereiro 26, 2010
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4 comentários:
cara discípula hilstiana, se o Corpo é um tubo de ensaio... façamos dele todos os atos de Vida!
Tem isso a ver com a tal cerimônia do amor que falamos hoje?
Bjas e lindos os textos!
Espero que possamos trocar muitos textos!
Érica
Intenso!
E obviamente confecional!
De qualquer forma, incrivelmente lindo e lucido depoimento!
beijso!
Muito bom!! Percebo que tomas novos caminhos na tua escrita, estou gostando muito!
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