quarta-feira, agosto 01, 2012

cinemascope brilhante ato 8.


fugir do tempo era um beijo congelado, e a madrugada púrpura rebentou as hipóteses de um místico amor. mas este não cheirava feito o tempo, somente feria as concordâncias, todas ao frio do vazio, ante aqueles corações ardentes a derramar demasias de um grito sem lugar. quanto mais aquosos e pungentes, surtindo uma lisérgica ininterrupção, menos reparavam na condição do tempo que se perdia ao penetrar  naquelas ânsias, feito integrante da matéria que lhes palpitou sem ruído.

fugir do tempo era perpetuarem-se náufragos, unidos por uma memória imprópria, e a inexistência pôde enfim tornar-se real, como a madrugada púrpura que nunca houvera. mas aquela simbiose ofegante, das vontades dos amantes, poetava-lhes os segundos seculares de que careciam.

ainda o faz...

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