quinta-feira, setembro 18, 2008

quinta-feira, 18 de setembro de 2003

encontrei um banco de praça dentro da labareda de vinho que tomei ontem com uma velha amiga. sentadas nele enrolamos rochas de outrora alegres como os anos passados, longos e distantes. – ontem mesmo escutei este disco... – ...ainda me lembro daquele cílio que ficou no dedo. – a história continua assim.

a noite que chovia molhou o mundo inteiro, saí ao frio para aliviar minha sede. ouvia-se o som da capoeira na rua em que moravas. sentei-me à porta e desviei a atenção para o cachorro uivando de saudades de quê. o tempo se cansava e afastei-me de mim, corri sem voltar os olhos, o chão ia desaparecendo enquanto eu caía no profundo corpo. tua janela sempre aberta se fechou para o cachorro uivando de saudades minhas. eram o tempo e os olhos do cão. tentei me secar, mas ainda me retém a umidade de tudo.

durante a sessão, ele pensou que nunca mais voltaria àquele cinema, nem mais assistir aos filmes que também passavam ali. faria greve das vontades do mundo, o fim da graça daqueles anos mudados pelos girassóis que distribuía entre os amigos. depois pensou em arrumar as malas e contar as montanhas que encontrasse pela estrada, voltando para o lugar que jamais teria novamente. não teria o mesmo sabor, e o tédio o dominaria sem preguiça. a lua é a mesma, enfim, teria a paisagem da janela de sempre.

Um comentário:

Victor Pessôa disse...

Ah... o pulso - certo toque e eco do estar no "clock" exato tempo (espiral)

Aspira, então, o infinito - ir-se ao centro que não há: ilimite, a tua eternidade de transe e trânsito