encontrei um banco de praça dentro da labareda de vinho que tomei ontem com uma velha amiga. sentadas nele enrolamos rochas de outrora alegres como os anos passados, longos e distantes. – ontem mesmo escutei este disco... – ...ainda me lembro daquele cílio que ficou no dedo. – a história continua assim.
a noite que chovia molhou o mundo inteiro, saí ao frio para aliviar minha sede. ouvia-se o som da capoeira na rua em que moravas. sentei-me à porta e desviei a atenção para o cachorro uivando de saudades de quê. o tempo se cansava e afastei-me de mim, corri sem voltar os olhos, o chão ia desaparecendo enquanto eu caía no profundo corpo. tua janela sempre aberta se fechou para o cachorro uivando de saudades minhas. eram o tempo e os olhos do cão. tentei me secar, mas ainda me retém a umidade de tudo.
durante a sessão, ele pensou que nunca mais voltaria àquele cinema, nem mais assistir aos filmes que também passavam ali. faria greve das vontades do mundo, o fim da graça daqueles anos mudados pelos girassóis que distribuía entre os amigos. depois pensou em arrumar as malas e contar as montanhas que encontrasse pela estrada, voltando para o lugar que jamais teria novamente. não teria o mesmo sabor, e o tédio o dominaria sem preguiça. a lua é a mesma, enfim, teria a paisagem da janela de sempre.
quinta-feira, setembro 18, 2008
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Um comentário:
Ah... o pulso - certo toque e eco do estar no "clock" exato tempo (espiral)
Aspira, então, o infinito - ir-se ao centro que não há: ilimite, a tua eternidade de transe e trânsito
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