domingo, outubro 16, 2011
Práticas do meio dia
domingo, outubro 09, 2011
profana ceia
quarta-feira, agosto 31, 2011
esfingindo
sexta-feira, agosto 12, 2011
aristotélica
nossa resistência por um fio
que de lícito há a dança
e o pretexto da mimese
marionetas também tem coração
removível
e solúvel em água
à venda em armarinhos
em papelarias em pedaços
se memória
é retórica
de quem as manipula
terça-feira, agosto 09, 2011
quinta-feira, julho 28, 2011
práticas da insônia: entre os gatos
não é porque à noite todos os gatos se misturam – e não se sabe o que distinguir do vermelho e o azul. a mais verdade é que, à noite, não se pode mandar cartas, escrevê-las talvez, e é por essa razão que o correio só permanece aberto durante o dia, para que o autor considere melhor se deve mesmo endereçá-las. e uma vez foi assim, temerária do conteúdo deixei uma sem destino, troquei de envelope e até cuidei em mudar a caligrafia do remetente. claro, o remetente poderia ser qualquer maria que não fosse a minha. só o desejo de ocultar o assunto foi que não me ocorreu. dentro, o meu nome assinado, e ali fora, assassinada a minha autoria. até porque não são os gatos os únicos a ter um nome anonimamente próprio, só eu sei o que não sei de mim. mas vejo que pela manhã, depois de amanhecido um sonho, raramente ele continua o mesmo, e já não são as palavras que o traduz, é outra coisa. coisa para que nem se dá o nome para não se dar o trabalho de permanecer no tempo o que não é do seu feitio. simples. porque não foi possível ser aquela que a escreveu no momento em que cheguei ao correio. tarde demais. como se falasse sozinha, a carta pôde ser lida pelo carteiro curiosamente perdido em meio a envelopes verossímeis. tanto faz. nem só os gatos se misturam.
*cats (musical), TM 1981 RUG Ltd
terça-feira, julho 26, 2011
pandora I
sexta-feira, julho 15, 2011
quinta-feira, julho 14, 2011
domingo, julho 10, 2011
práticas da insônia: na terra
8.1 na escala richter. de um lado para outro na cama de quem escolhe a companhia dos abalos, nem tão tarde da noite, mas parece que não dormimos há tanto... desde que arrancaram os meus corações do espelho. e mesmo dormindo, sonho que acordo. até beethoven tem me parecido mais fácil, disse túlio. nessas horas eu me identifico com ele, disse eu. toca-me o calabouço de silêncio em enésima sinfonia. vibrante e atual no que os dias em 33 rotações por segundo vão se costurando pela agulha desastrada de direção. i wish it was wednesday. só por precaução. a terceira alternativa era O arbítrio, a distração e todo coração têm seu preço. depende de que lado você lambe a ilusão, disse juliana. l'imagination est encore plus excitant? desconfio que só ela há. desde um colapso de memória de deus, as ondas se repetem no mar, uma após a outra, o mesmo gesto em diferente performance, quase única se não fossem elas únicas. e diana se acomodou na banheira para tocar o violão, para me fazer companhia ao banho, como se a infância de alice tivesse que se prolongar em tantos compassos, como se eu não pudesse sonhar sozinha, sendo eu todas elas em trabalho de resgate. mas o destino as manda assim, elas se lançam aos ares toda manhã e depois entranham sua lascívia à terra, à noite. e entregar-me a essa terra em ousadia persefoniana é para que eu devolvendo a este grande corpo os meus corações, tenha que perdê-los continuamente. só porque são recíprocos. é o que me diz em sua língua de elefante aquele homem que não tem medo do escuro porque não precisa enxergar os outros dele. estamos todos aqui. desde que deus nos concedeu a alucinação cotidiana. para que nós dois não morrêssemos de tédio. nossos corpos em fendas necessitam compreender mais que os continentes.
pois sim, a anacronia dessa história é de uma patologia irreversível. porque a vida é uma doença terminal, disse o pai de luisa.
* hans bellmer, sans titre, 1932
quinta-feira, julho 07, 2011
quinta-feira, junho 30, 2011
errância
quarta-feira, junho 08, 2011
qual o cheiro da maniçoba?
terça-feira, junho 07, 2011
domingo, junho 05, 2011
práticas da insônia: no espelho
sábado, junho 04, 2011
quarta-feira, junho 01, 2011
terça-feira, maio 31, 2011
diálogo com pretensão
É, faz tanto tempo...
...que não nos vemos...
...e nem nos falamos.
Tenho sonhado com você.
Eu sonho dia sim dia não.
E o não?
Não sonho. Não lembro. Hoje é não, e tenho a impressão de ter ido dormir pensando nisso.
Nisso?
Que eu não sonharia com você.
Mas é bem capaz estarmos sonhando. Eu não vim até aqui.
Nem eu.
Nem mesmo me levantei e escovei os dentes.
Eu só me lembro de ter escovado os dentes e me deitado.
Mas hoje não é o dia não?
Sim.
E mesmo assim estou no sonho?
Isto é um sonho?
Não parece. Sinto seus pés frios embaixo do lençol.
Eu sinto seus pelos das pernas nas minhas.
É, faz tanto tempo que nos amamos...
E nos enganamos...
Tenho sentido a sua falta.
Eu sinto dia sim dia não.
E o sim?
Não é hoje.
É quando?
Amanhã.
Quando eu levantar e escovar os dentes?
E ir embora.
Mas se eu não vim...
Então eu já sinto.
terça-feira, maio 17, 2011
Práticas da meia noite
domingo, maio 15, 2011
diálogo com a tormenta
quinta-feira, maio 12, 2011
.
domingo, maio 08, 2011
simples
hoje vejo como é simples o que o vizinho escreve, o que lhe corre pelo pensamento senta-se nas palavras. como o gesto de descascar a laranja, de volta em volta, com a faca desnudando a fruta sem precisar retomar o corte. coisa de destreza. coisa bem afiada na mão de que quem acha certo o que faz. é simples também dizer o que se passa pela memória quando se lembra. quando se lembra. às vezes tenho só as palavras chaves do seu discurso, então manipulo o que quero acontecer, falando pelos seus olhos faço dizer o que já foi preterido sem que isso soe meu. o que é seu. é que seria mais simples se eu prestasse atenção. no caminho da volta, depois, que a ida não tem mais particípio e me encontro em meio dessa sua, nossa história toda que ajudei a inventar. na próxima vez que me avise o tempo de parar. quem não estiver distraído. olho para o prato, e a casca inteira me dá vontade de revestir o bagaço da laranja. mas é melhor que não. é melhor mesmo colocar tudo na lixeira porque é simples esconder o que se pensa, mas em algum momento o cheiro da omissão fica evidente, o mofo nos olhos é o sinal de que a validade dos seres é breve. e das coisas que são ainda mais breves. vizinho que retorna à casa percebe se está sozinho, a luz apagada não precisa de explicação. é simples.
terça-feira, abril 19, 2011
# o meu subjeto é um cinema
domingo, abril 10, 2011
oráculo das oito
sábado, abril 09, 2011
terça-feira, abril 05, 2011
eredità
quinta-feira, março 10, 2011
mais quente e mais blues.
é um sopro na madrugada sem dono. sempre parece que conheço essa música, mas nunca reconheço. e insisto em conhecer, e parece mesmo que ela pertence à lembrança de alguma felicidade com você. e quando penso nisso sinto amor, amor que existia mesmo antes de mim, de nós, e que jamais deixará de ser. enquanto este sopro tocar quente não me importa qualquer memória imprópria, acontece o que não existe, e é isso o que fica para todo o sempre.
sexta-feira, março 04, 2011
Habitat
Tenho sono, mas o meu Corpo nervoso quer atenção. A minha. Acanhado e despossuído ele só quer a mim, tem medo que o desconcertem outra vez. Eu o acaricio devotadamente... Se meu Corpo fosse santo eu o louvaria, zelava para que o paraíso fosse nele igualmente. Então, meus dedos o tocam como os deuses concedem graça, e o recriam. Penso nesse Corpo agora não mais como a casa, mas o Habitat apreciado pelo destino por mim descrito numa folha de imaginação inquieta. Corpo, durma que ainda é tempo, é lugar, é forma de se querer. Eu peco, mas também guerreio pela tua vontade imortal de ser o seio do mundo, amamentá-lo da seiva que somente tua paixão compõe. Mas ainda o Corpo fora de lugar, minha flora mal-fauneada, desatenção redobrada, precisa de fé que o vento e a noite não a rejeitem.
terça-feira, fevereiro 15, 2011
diálogo entre musos III
segunda-feira, fevereiro 07, 2011
ENTREATO - E não era sequer uma luxúria de amor
ENTREATO - E não era sequer uma luxúria de amor from floratomo on Vimeo.
quarta-feira, janeiro 05, 2011
black is black
a chuva apertou naquele fim de noite e mundo, e ele contendo a ansiedade, tirou do bolso um cigarro avulso, acendeu mesmo assim, que molhasse, que não a encontrasse, depois que perdeu a cabeça e a hora, palavras são qualquer coisa que se faz desapercebida depois de certo tempo, mas ela não esquece, nem quer esquecer, há cada momento a voz rouca lhe pronuncia na mente, implorando de joelhos para que ela o ame ou vá embora, e nenhuma das duas coisas, ela não o amava e nem ia embora, ela queria calma, outra tatuagem no corpo, quando fizesse 33 anos. a noite é outra dessas coisas que se desfazem com o tempo, um pedaço de madrugada, as fotografias eram fiéis, black is black, e qualquer tentativa de amarrar essa mulher em sua vida era revelando o que mais do seu corpo na sua câmara escura avermelhada. agora. antes que o negativo amanhecesse. quero paz nos olhos de quem me espreita veludo. e os olhos já cravados no corpo dela era dimensão.
*foto de jacquelinne goddard por man ray, 1930